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Crónicas de um utilizador frequente de transportes públicos em Portugal.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Reprovação social. O que é isso?

Este episódio foi durante algum tempo algo recorrente no meu dia-a-dia pelas 9h da manhã. Como sempre espero pelo 56 (optei por me referir assim à carreira, pois dá-lhe um ar mais técnico e entendido) naquela mesma paragem. Assim do nada, e mesmo mesmo de repente um individuo algo bizarro começa a ouvir música no seu telemóvel novo. Infelizmente para todos o que viajavam no autocarro, o telemóvel vinha sem auriculares.

Possivelmente como ele compreendia a falta de música em que este mundo se encontra, o nosso bom amigo resolveu contribuir com "Cu Duro", para um mundo mais harmonioso.

O facto de estar na última de cadeira virado para o corredor, com o telemóvel nas duas mãos e virado para toda a gente, corroborava a minha opinião. Este homem está a fazer serviço público! Só que passado uma semana mudei de opinião. Este homem é parvo! Foi incrível ver durante essa semana, todo o tipo de reprovação social a que este homem foi alvo. Desde o discreto olhar para trás e tentar saber, sabendo, de onde vinha o som (confesso que o fiz várias vezes), passando pelo olhar reprovador de alto a baixo, utilizando o comentário extra alto para o utente ao lado: - "Já viram estes jovens de hoje em dia. Já não há respeito"-. Até à tomada de acção extrema, ou seja, confrontar o individuo e pedindo-lhe para baixar a música. Por momentos... e ainda tenho este momento marcado, a música pára. Tinha acabado a faixa. Foi lindo. A próxima música ainda era mais espectacular. Nestes momentos uma pessoa pensa, porque é que nos filmes é tudo tão mais fácil?! Bom bom era em filmes de animação (roger rabit ou a máscara). Está-se mesmo a ver para onde iria directo aquele telemóvel!

Questionou-me sobre os efeitos da reprovação moral / social a que este rapaz deva ter sido alvo na infância para aguentar um autocarro com 70 pessoas a olhar "delado" para ele, e ele se manter impávido e sereno como se nada fosse. Eu as vezes nem para ir à casa-de-banho de um restaurante, consigo ir. Uma pessoa acaba sempre por pedir um café ou um bolo. Só naquela...Imagino que o gajo do telemóvel, passe filas à frente, coce os tin tins à frente das velhinhas, cuspa no chão do carro do amigo, no próprio carro e no amigo, diga palavrões na igreja, arrote com cheiro e não peça perdão e mije na estrada com o "pirilampo" voltado para os carros. É o gajo mais livre que conheço. Até me admira que pague bilhete o sacana!

4 Comentários:

Blogger Jaime Silva disse...

As peripécias do 56 de facto mereciam um blog. Espero q o bom tuga continue a contribuir para as tuas reflexões sociais.

Grande Abraço.

Gostei do Blog!!! Keep it up

18 de dezembro de 2007 às 05:27  
Blogger Jaime Silva disse...

Então fartaste-te do 56???

Abraço

8 de janeiro de 2008 às 16:24  
Blogger A. disse...

Tenho que te congratular!! Ideia muito original!!! Gostei mesmo. Venham mais!!! Isto é o delirio ;)

Beijinhos grandes para ti

23 de janeiro de 2008 às 20:39  
Blogger papasdecarolo disse...

Não posso deixar de comentar este teu relato...
agora imagina 2 ou 3 criaturas na mesma carruagem de um metro a ouvir cada um o seu som! Parece que hoje em dia há uma necessidade de afirmar o que se vê o que se ouve e o que se quer, uma treta, isto aconteceu no ínicio de 07 em stuttgart.

a febre alastrou - está visto -
revolução morangos com açúcar, numa mistura de fashion + brejeiro + piroso :-)

Adoro o teu 56, é melhor que ir ao teatro!

26 de março de 2008 às 14:01  

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