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Crónicas de um utilizador frequente de transportes públicos em Portugal.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

"É nisto é que somos bons"

Antes demais gostaria de comentar o título. "É nisto é que somos bons", diz o Comité Parolímpico Português. Esta afirmação faz um alguma comichão dado que os 70 desportistas (e não atletas) olímpicos que representam Portugal em Pequim trouxeram apenas 2 medalhas para Portugal. Ao que parece até foi um resultado muito positivo. Agora vêm os Parolímpicos cheios de pêlo na venta dizer que afinal eles é que são bons! Então em que é que ficamos? Se calhar os 70 pobrezinhos (1200€/mês não dá nem para o equipamento) que foram representar os tugas nos Jogos Olimpicos são bons é noutras coisas. "Quais?" Não me perguntem...afinal de contas eu nem sabia que é nisto é que somos bons.

Enfim chega de conversa fiada e de volta ao tema.

Enquanto esperava numa paragem de autocarros do 56 apercebi-me que tinha um potencial vizinho de assento, muito ocupado a: Ver os horários? Não. Ver o relógio? Não. Falar ao telemovel? Não. A esta altura já todos devem ter adivinhado. Isso mesmo. A CORTAR AS UNHAS! Não dos pés, antes que se questionem, mas da mão.

Ora agora sim entra a frase do titulo. "É nisto é que somos bons". Afinal de contas haverá algo mais tuga do que cortar as unhas (por norma 9 unhas deixando um mindinho afiado para qualquer eventualidade) à frente de toda a gente? Penso que é algo só nosso. Se pensarmos bem até é normal dada a vantagem de ter um corta- unhas a fazer de porta-chave. Podemos cortar as unhas onde e quando queremos. Haverá liberdade maior?!

Acho que há todo um nicho de mercado para explorar. Um canivete de bolso, com sabonete, corta-unhas, cotonetes, pente, tesoura para cabelo, navalha para a barba e...papel higiénico. Fica a ideia. Mercado há.

No final o meu potencial vizinho não apanhou o 56 o que lhe deu mais tempo para acabar o serviço e, quem sabe, atacar as garras dos pés.